sexta-feira, 17 de abril de 2009

Do que não sei (publicado originalmente em 26.7.2004)

Acordei hoje com dor-de-cabeça, sensação de último dia (sempre parecem ser últimos dias várias vezes no ano), balanço de vida e uma questão no cérebro bilíngüe: What do I Know? Não sei quase nada do que esqueço que não sei, não sei o que te move, não sei ainda aonde quero chegar, não sei se teus flutuares me levam nos ares também, não sei se as palavras te chegam nem sei se ao chegarem te bastam ou se lidas se transformam em polpa, em massa, compactadas com tantas outras e jogadas no lixo seco da cultura inútil.

Acordei sem saber de nada, zerada mais uma vez, querendo entender por que meu corpo não reage como quero e não ajo como gostaria e não me levas contigo e não me proclamas ao mundo. What do I know? Não sei por que eu mesma não me proclamo, por que não me desnudo inteira e me mostro sem medo. Não sei por que brotam de ti zigue-zagues e vai-véns, por que brotam buracos temporais que ao surgirem me deixam no nada, à espera de depois. Sempre depois.

Acordei questionando sem respostas e sem buscá-las, perdida como sempre em mim mesma, sem te encontrar por que, talvez, não me disponha a realmente te buscar. Não sei se entre os sonhos e o agora consigo criar outros hojes que me abasteçam até chegar o dia de perceber que tudo o que projetamos foram apenas possibilidades, conjecturas, vontades e ilusões.

What Do I Know? Não sei quase nada e melhor seria começar a agir como se além de desconhecer, nenhum pedaço de estrada jamais tivesse me levado a destinos apenas parciais no mapa do teu coração.

Acordei perguntando, anoiteço sem respostas, recriando minhas dúvidas e as respondendo em fantasias que escreverei antes de dormir. E as respostas fictícias sempre me satisfazem, mas carecem do teu cheiro, da tua carne e do te ver nos olhos. Mas o que sei?

... Talvez a fantasia seja ainda mais concreta que o tu improvável no meu presente futuro impalpável.

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