domingo, 19 de abril de 2009

Dexter



A frase mais interessante que ouvi nos últimos tempos:
- But I killed you ("Mas eu matei você!") - frase de Dexter ao seu irmão, que assassinou.
- No, you only took my life ("Não, você apenas tirou minha vida") - dito pelo irmão que Dexter "vê" com seu inconsciente que não lhe dá trégua, sentado na igreja durante o velório de corpo presente do marido de Rita.

Certo.
Matar é mais que tirar a vida.
Às vezes, matamos alguém em vida mesmo, quando esquecemos, abandonamos e não queremos mais saber.
Matar é tirar para sempre da consciência.
É eliminar para sempre.
Morrer é desaparecer para sempre. Em carne, recordação e espírito. É não deixar nada.
É difícil para Dexter aceitar que matou o irmão, assim como lhe é difícil continuar com o irmão na consciência, tendo lhe tirado apenas a vida, mas não a influência, as recordações e a amargura de ter eliminado fisicamente alguém que está presente o tempo todo, e talvez a única pessoa (?) que poderia ser seu par, seu igual e seu cúmplice.
Tenho em minha vida muitas pessoas cuja vida se foi, mas que não morreram. Infelizmente, há outras que estão vivas, mas morreram para mim (ou matei). Poucas, felizmente. Muito poucas.

Dexter é um seriado além das aparências. Um seriado, na minha opinião, mais psicológico que qualquer outro que eu tenha assistido. AMO (e juro que por pouco não tive um enfarto, com a última cena do segundo episódio. Meu, que sustão de congelar o sangue!). Só não assisto todos os episódios, um após o outro (que estão no meu HD) por pura falta de tempo. Mas pelo jeito como a crise parece estar "pegando" os tradutores, acho que logo vou poder conferir o resto da segunda e da terceira temporadas...


2 comentários:

  1. É um pouco frustrante ver como algumas pessoas você tenta "matar" (ou traduzindo, esquecer, ignorar) continuam sendo almas penadas e ficam te assobrando. Será que a solução é deixar que elas continuem vivendo e aceitar (e talvez abraçar) a existência delas com todos seus incômodos? Eu também não sei.

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  2. ... e mata-se, às vezes, lentamente, dia-a-dia (tem?), ao longo de anos, décadas. Mata-se muitas vezes por descaso, ignorância, desamor. Ainda que a vida seja mais forte, mata-se para o esquecimento aquilo que incomoda muito estar vivo.

    Bom te ler. Sempre.
    Beijos

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